Encontro mostra mudanças na gestão da saúde

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Médicos e executivos de hospitais, prontos-socorros, redes de clínicas e de seguradora de saúde de cinco países e de quatro Estados brasileiros vão se reunir para compartilhar como estão adotando na gestão da saúde o sistema lean, filosofia de gestão originária do modelo Toyota. Será no “3º Lean Summit Saúde”, dia 18 de outubro, no Centro Empresarial de São Paulo (SP). Segundo médicos e executivos que vão participar do encontro, ao adotarem esse sistema eles conseguem agilizar e melhorar os processos, aumentando a qualidade do cuidado com o paciente. Isso aumenta a capacidade de atendimento, tornando a gestão mais produtiva e sustentável. “Além disso, o que é mais importante, é uma gestão que aumenta a segurança dos pacientes, o que ajuda a salvar vidas”, disse Flávio Battaglia, diretor do Lean Institute Brasil, entidade sem fins lucrativos de São Paulo que organiza o evento.

Serão 12 palestras num dia de evento com casos dos EUA, da Espanha, do Chile e da Argentina, além de exemplos de São Paulo, do Rio Grande do Sul, de Brasília e de Salvador. O encontro vai trazer para o Brasil a norte-americana Alice Lee, que atuou durante 10 anos no Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC), hospital associado à Harvard Medical School (EUA). Ela vai falar sobre o comportamento da liderança de um grande hospital na transformação da gestão. Também o caso da Clínica Santa Maria, no Chile, que reúne mais de 500 médicos e começou a adotar a gestão lean no ano passado. Segundo o médico chileno Dr. Jorge Alfonso Rubio Kinast, o sistema eliminou etapas desnecessárias, diminuindo restrições ao fluxo dos pacientes, aumentando a capacidade de atendimento.

O evento vai compartilhar também casos de hospitais, hotéis e restaurantes de Barcelona e da região da Catalunha, na Espanha. Segundo Oriol Cuatrecasas, presidente do Instituto Lean Management espanhol e professor da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), o setor de serviços é vital para essa região, e há um movimento crescente no local para adoção desse sistema de gestão.

Da Argentina, haverá o caso do Instituto Modelo de Cardiologia, que utilizou o sistema para aumentar a capacidade do centro cirúrgico. Segundo o médico argentino Javier Agustin Sala Mercado, diretor Clínico e de Operações desse instituto de Córdoba, a gestão lean melhorou as etapas do fluxo do paciente, incluindo os processos de alta.

Do Brasil, haverá a apresentação de dois casos de adoção do sistema lean no diagnóstico e do tratamento do câncer. Um deles é do Instituto de Oncologia do Vale (IOV), de São José dos Campos (SP), rede de clínicas do Vale do Paraíba que adota o sistema há cerca de 10 anos. Segundo o médico oncologista Carlos Frederico Pinto, diretor do Instituto, com esse modelo de gestão foi possível aumentar em 300% a capacidade de atendimento na rede de clínicas, única brasileira do tipo a conquistar a certificação Quality Oncology Practice Initiative (QOPI) da American Society of Clinical Oncology (ASCO). Na mesma linha está o caso do Grupo Acreditar, rede de clínicas de oncologia de Brasília (DF). Segundo Edivaldo Bazilio dos Santos, diretor Assistencial e de Qualidade da rede, em quatro anos de adoção o sistema gerou melhorias concretas nas etapas do fluxo de atendimento dos pacientes. Ele vai explicar como fizeram isso utilizando o pensamento A3, conceito do sistema lean usado para fazer melhorias, desenvolver pessoas e resolver problemas.

O evento também vai apresentar um caso de mudança de gestão no setor público da saúde, o do Hospital Municipal Doutor José de Carvalho Florence, de São José dos Campos (SP). Segundo os médicos Laura Friggi Peters de Holanda e Otávio Lima de Holanda, coordenadores do Pronto-Socorro Adulto do local, esse sistema gerou novas formas de organização e controles visuais, o que resultou na diminuição dos tempos de espera dos pacientes. Os médicos atuam na Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), que gerencia organizações de saúde no Estado.

O evento vai mostrar como o sistema lean pode mudar uma das áreas mais críticas de um hospital: a emergência médica. Por exemplo, no caso do Imed Group, de São Paulo, que gerencia dez unidades de terapia intensiva na capital paulista e no interior do Estado. Segundo os médicos Carlos Augusto Dias e Leonardo Brauer, diretores da empresa, o hoshin kanri e o trabalho padronizado, dois conceitos do sistema lean, ajudaram as UTIs a ficaram mais ágeis e integradas à estratégia da organização.

Ainda de São Paulo, o evento vai compartilhar o caso da rede de clínicas de oftalmologia HCloe, que adota o sistema há três anos. Segundo o médico Aloisio Fumio Nakashima, diretor de Recursos Humanos, isso já mudou a forma como colaboradores da clínica lidam com problemas.

O encontro ainda terá casos do Rio Grande do Sul e da Bahia. De Porto Alegre (RS), virá o exemplo do Hospital Moinhos de Vento, que adota o sistema lean desde 2012. Para Frederico Tarrago, engenheiro de Inovação e Processos do hospital, o sistema agilizou o atendimento e reduziu o tempo médio de permanência dos pacientes. Caso similar vem do hospital Aliança, de Salvador (BA), que incorporou conceitos lean na criação e na implantação de protocolos assistenciais. Isso reduziu significativamente a espera dos pacientes, diz o médico Eduardo Novais de Carvalho, coordenador da Linha de Cardiologia.

O encontro vai compartilhar também um case de adoção lean na área de seguros, da SulAmérica, que há cerca de três anos adotou o sistema lean como estratégia de melhoria contínua. Segundo Marco Antunes e Luciana Gomes, respectivamente vice-presidente e superintendente de Processos da seguradora, a empresa vem implementando mecanismos gerenciais para capacitar e engajar os colaboradores no pensamento lean, coordenando múltiplas frentes de trabalho e fomentando a troca de conhecimento e de experiências entre equipes.

“Esse é o único evento da América Latina que trata exclusivamente de lean na gestão da saúde”, afirmou Flávio Battaglia, diretor do Lean Institute Brasil, entidade sem fins lucrativos de São Paulo, parte de uma rede institutos similares em 22 países. Fundada há 18 anos, a entidade brasileira foi a segunda da rede mundial. A primeira foi a dos EUA.

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